Chocolate – revisão de conceitos

Nutricionista Anna Christina Castilho

O chocolate foi descoberto pelos mexicanos e depois introduzido na Europa pelos espanhóis. Os astecas preparavam uma bebida, um tanto amarga, chamada xocoatl, com grãos de cacau torrados, especiarias e mel. Para eles, o cacau, além de fazer parte dos seus rituais, era também oferecido para os soldados e em casamentos como símbolo de energia. Consideravam o chocolate um alimento afrodisíaco.

O cacau também era servido como uma pasta engrossada com farinha de milho. Depois, os jesuítas criaram o chocolate mais refinado, adicionando a essência de leite, tornando-se o chocolate que conhecemos atualmente. Este produto era bastante “sofisticado” na aristocracia espanhola. A partir da exploração colonial, o cacau passou a ter valor econômico e funcionava como moeda. Com ele comprava-se escravos, comidas e serviços. A produção se expandiu por todo o império espanhol na América e passou a ser cultivado nas colônias portuguesas, holandesas e britânicas.

O chocolate chegou à Inglaterra e a igreja o considerava alimento. Alguns médicos o consideravam como sendo mais nutritivo que a carne bovina e a de carneiro. Como resultado os dias de culto tinham um sabor adocicado e as mulheres nobres da sociedade consumiam uma bebida à base de chocolate durante os sermões. A popularidade do chocolate cresceu e sua versatilidade foi descoberta e levada a todos os lugares do mundo. Em 1910, no entanto, que finalmente a barra de chocolate começou a ser vendida.

O chocolate é produzido do cacau, , fruto do cacaueiro, originário da América do Sul e produzido em larga escala no Brasil. Uma árvore produz cerca de 30 frutos, cada um contendo aproximadamente 50 grãos, colhidos duas vezes por ano. Os grãos ou sementes são retirados dos frutos e cobertos com folhas de bananeira e fermentados por duas semanas. Os grãos são então colocados para secar ao sol, retirando assim água e o gosto natural amargo, desenvolvendo seu sabor característico e aroma. Os grãos são limpos, assados e esmagados para produzir uma pasta chamada de pasta de cacau, massa de cacau ou licor de chocolate.

Parte da massa de cacau é colocada sobre forte pressão para extrair a manteiga de cacau. A manteiga de cacau é utilizada em vários produtos inclusive em cosméticos. O restante é moído e peneirado para produzir o pó de cacau. Para fazer o chocolate é necessário adicionar manteiga de cacau, açúcar e aromatizante à massa de cacau. Os ingredientes são amassados juntos até formar uma mistura macia.

O consumo moderado de chocolate traz algumas vantagens nutricionais mas o melhor mesmo é o prazer que ele proporciona. Nenhum alimento é tão apaixonante e tão prazeroso do que o chocolate. É realmente, o alimento dos deuses!

Os diferentes Tipos De Chocolate:

Chocolate ao leite

Chocolate meio amargo

Chocolate branco

Chocolate em pó

Achocolatado

Chocolate para cobertura

Massa de cacau, açúcar, leite e manteiga de cacau

Possui grande concentração de massa de cacau, além de manteiga de cacau e pouco açúcar

Manteiga de cacau (ao invés de massa de cacau),  , açúcar, leite em pó e gorduras do leite.

Trata-se de amêndoa de cacau ralada destituída da manteiga de cacau. Pode ser amargo (recebe o nome de cacau em pó), meio amargo e doce.

Composto basicamente por chocolate, leite em pó e açúcar

Concentrado em manteiga de cacau, que lhe dá a propriedade de derreter com facilidade e que facilita o acabamento e o brilho. Pode ser amargo, branco e comum (leite).

Valores nutricionais em 100g de chocolatew:

 

Energia (Kcal)

Prot(g)

CHO(g)

Lip(g)

Chocolate ao leite

528

7,8

57,36

30

Chocolate meio amargo

467

2,9

52,9

27

Chocolate branco

536

9,42

53,6

31,50

Fonte: Guia Veja SP, nº 15, abril de 2003

w Os valores acima variam em diversas referências e tabelas de composição alimentar

Estudos mostram que o chocolate é um alimento que deve ser incluído numa alimentação equilibrada. Aliado ao prazer, o chocolate traz também diversas características nutricionais benéficas ao corpo.

A principal e mais conhecida característica nutricional do chocolate é a fonte energética, que pode ser utilizada pelo corpo humano como combustível para atividades.  Trinta gramas de chocolate ao leite contém em média 170 calorias, 2 g de proteína, 16 g de carboidrato e 10g de lipídio. Dois terços da gordura do chocolate são do tipo saturada, ou seja, prejudicial ao organismo pois pode aumentar o colesterol sangüíneo e, a restante, é representada pelo ácido oléico, monoiinsaturado, que não aumenta o colesterol. Além disso, é bom prestar atenção nas embalagens de chocolates, pois os chocolates diet possuem mais gordura do que os chocolates normais.

Uma porção de chocolate ao leite contém menos de cinco miligramas de colesterol originado do leite. De acordo com o Programa Nacional de Educação sobre Colesterol (NCPE), devemos manter a ingestão diária de colesterol abaixo de 300 miligramas.

O chocolate possui também 2 substâncias estimulantes: a teobromina e a cafeína, em uma proporção de 10 para 1 respectivamente. A teobromina garante energia positiva, favorece a atividade mental e estimula principalmente o sistema muscular. A cafeína é conhecida como estimulante do sistema nervoso central  e contém menos de 10 miligramas em uma barra de chocolate ao leite (uma xícara de café, por exemplo, contém entre 65 e 150 miligramas de cafeína).

Um estudo recente analisou o porquê do desejo por chocolate e concluiu que as pessoas não se viciam em chocolate. Na verdade, o estudo mostrou que as pessoas têm desejo por chocolate porque gostam da sensação de comê-lo.

Isto pode ser explicado devido ao fato do chocolate estimular a produção da feniletilamina no corpo, a qual está associada à "química do amor". Este hormônio ao ser ingerido causa uma sensação de ânimo e euforia, sensações que descrevem o indivíduo apaixonado.  Ele é precursor da serotonina, neurotransmissor bastante conhecido como "substância química do bem estar"  que promove a sensação de extremo bem-estar e calma, fazendo com que alguns estudiosos o recomende como auxílio no combate da depressão e ansiedade.

O chocolate (principalmente o amargo) contem um flavonóide chamado catequina com forte propriedade anti-oxidante, podendo reduzir a oxidação da LDL e suprimir a atividade de lipoxigenase – dois processos que contribuem para a aterogênese e doença cardíaca .

O chocolate e o cacau em pó contêm alguns minerais, como cromo, ferro, magnésio,sódio, fósforo e potássio, e também vitaminas A, B, C e D. A semente original apresenta quantidade significativa de vitaminas E e B, mas com a adição dos outros ingredientes, estas vitaminas encontram-se em baixas quantidades no chocolate.

Pesquisas recentes mostram que a dor de cabeça e a ingestão de chocolate como fatores isolados não estão relacionadas. Os especialistas concordam que a maior parte das vezes é o estresse, os padrões de sono, a fome e as mudanças hormonais que causam a dor de cabeça. No entanto, em pessoas sensíveis, o chocolate pode desencadear enxaqueca devido a presença de feniletilamina. Restam inúmeras pesquisas clínicas, com validação farmacológica e estudos multicentricos, voltados as causas das cefaléias, para comprovar a verdadeira relação causa – efeito.

O consumo de chocolates por crianças é permitido, mas não deve ser estimulado pois tendem consumí-los de uma só vez ou a todo instante, substituindo refeições. Vale ressaltar a importância da realização de refeições contendo todos os grupos de alimentos, para garantir o crescimento e o desenvolvimento normal da criança. Uma boa dica é não oferecer o chocolate antes ou durante as refeições. A hora certa é como sobremesa, ou até complementando o lanche da manhã ou tarde.