Dietoterapia e validação científica dos fitosteróis
Dr. Daniel Magnoni e Nutr. Rodrigo de Oliveira
Os efeitos dos fitosteróis na redução da colesterolemia tem sido amplamente estudados desde a década de 50 e, atualmente, são reconhecidos como componentes "funcionais" por apresentarem propriedades hipocolesterolêmicas. Os fitosteróis são compostos esteróis oriundos dos óleos vegetais e apresentam grande similaridade estrutural com o colesterol. A ingestão de alimentos contendo ésteres de fitosterol reduz a absorção tanto do colesterol dietético, ou seja, exógeno, quanto do endógeno, logo o colesterol não absorvido é eliminado nas fezes juntamente com os fitosteróis, que são muito pouco absorvidos.
Níveis altos de colesterol são considerados como um dos principal fatores de risco para a ocorrência de um ataque cardíaco e estudos demonstram que a redução de 10% no colesterol total, independente da redução do LDLc, pode diminuir entre 12% e 20% as chances de ocorrências de doenças do coração. Desta forma inúmeros trabalhos e trails internacionais, tentam estabelecer evidências nutricionais que possam auxiliar no combate às dislipidemias.Recente pesquisa do Instituto Nacional Holandês para Saúde Pública (Dutch National Institute for Public Health and the Environment) mostrou que o consumo diário de cremes vegetais enriquecidos com fitosteróis e fitostanóis, ajuda a controlar os níveis de colesterol e, assim, a diminuir o risco de doenças cardiovasculares.
Os resultados apontaram que os níveis de colesterol dos indivíduos que fizeram uso regular de cremes vegetais enriquecidos com fitosteróis e fitostanóis, por um período de cinco anos, não sofreram elevação, diferentemente dos não-usuários. A pesquisadora-chefe do Instituto Nacional Holandês para Saúde Pública, Marion Wolfs, descreve que os resultados representam o que está ocorrendo no dia-a-dia das pessoas e, portanto, são relevantes em termos de saúde pública. Segundo ela, este é o primeiro estudo a apresentar os efeitos do uso rotineiro de cremes vegetais enriquecidos com fitosteróis e fitostanóis. Wolfs ainda diz que, dessa maneira, a pesquisa confirma a ampla base de dados sobre a eficácia dessas substâncias em estudos controlados.
O estudo baseou-se nos dados de uma pesquisa prospectiva chamada Dutch Doetinchem, na qual foram avaliadas mais de 4500 pessoas nos anos de 1994-1998 e 1999-2003. Os participantes passaram por exames laboratoriais para determinação dos níveis totais de colesterol e da fração HDL e responderam a perguntas sobre seus hábitos alimentares, incluindo o consumo de cremes vegetais enriquecidos com fitoesteróis/fitoestanóis ou não.
A adição de fitosteróis nos alimentos industrializados pode, em curto espaço de tempo, ser ampliada à diversos produtos comerciais e, com isso, ampliar o universo de opções à escolha dos profissionais de nutrição.
Referências:
N De Jong, L Pijpers, JK Bleeker and MC Ocke´. Potential intake of phytosterols/-stanols: results of a simulation study. European Journal of Clinical Nutrition (2004) 58, 907–919.
COSTA RP e cols. Óleo de peixe, fitosteróis, soja e antioxidantes: impacto nos lípides e na aterosclerose, Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo Vol 10 No 6 Nov/Dez 2000